Benvindos a troça carnavalesca Nem Freud Nem Sai de Cima

Troça Carnavalesca com elementos do irreverente carnaval de pernambucano.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Recordações de infância na praça Maciel Pinheiro



E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu".  Clarice Lispector

sábado, 28 de maio de 2011

" (...) A chuva tá caindo e quando a chuva começa e acabo de perder a cabeça"

Prezados,
Passados já quase três meses do carnaval e vendo os retratos do folguedo em meio a essa chuva torrencial dos últimos dias, pude, enfim, chegar a conclusão que há, de fato, semelhanças entre as cidades de Veneza e Recife. Se atentarmos para as máscaras carnavalescas, chegaremos a uma inquestionável conclusão, somos herdeiros daquela cidade. Repito é inquestionável. Antes eu achava meio descabido – até meio ridículo – a idéia de associar recife à cidade italiana, mas hoje vejo que é argumento irrefutável. Se Veneza fede, Recife fede, se Veneza é festiva no carnaval, somos do mesmo modo, Recife é uma cidade recortada por rios, assim como os canais de Veneza; faltam-nos, contudo, embarcações apropriadas. Veneza trouxe a peste... Bem, nem tudo é tão semelhante assim – digamos que temos uma modesta leptospirose. Nós, palhaços de Recife – cada vez mais palhaços –  procuramos, assim como os de Veneza, nesses dias úmidos e encharcados, entender todo esse Carnaval e todo esse mela-mela dos gestores públicos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Uma troça, uma postura filosófica

 Prezados,


Li ainda há pouco a excelente entrevista da psicanalista e amiga Nadir Rego e após uma pequena reflexão tive alguns impulsos luminosos. Sou meio de repentes e supetões, mas acredito que, nessas minhas reflexorreias, posso tirar bons e maduros frutos. Veja que idéia tive:

Ao observar a fama da troça, que já vem se estabelecendo no calendário de prévias carnavalescas, proponho aos organizadores que se crie uma premiação que possa contemplar personalidades da vida pública ou de reconhecido destaque no mundo das ciências, da psicologia e das artes; penso no prêmio Nem Freud nem sai de cima, que seria anunciado publicamente na ocasião do 2º desfile da Troça.  A proposta desse troféu seria prestar uma relevante homenagem àqueles que teriam dado alguma contribuição na inoperância ou na prevenção dos atos de desejo,na manutenção do pensamento de dúvida, no primado do  titubeio, da indecisão e no empatamento de situações prazerosas, enfim, na filosofia, ou no modo Nem Freud nem sai de cima de ser.  Afinal, o que seria a civilização sem eles?  Respondo sem medo de errar com algumas indagações: Como poderíamos pensar a história da Odisséia sem a relação de Ulisses com Calipso ou Circe, ou sem o inacabével tear de Penélope frente aos seus pretendentes. Como se perpetuariam os mitos célticos sem os personagens Tristão e Isolda, Lancelot, como haveria de existir um clássico no cinema sem os personagens Richard Blane (vivido por Hamfray Borgart) e Illa Lazlo em Casablanca?  respondo: Não haveria história ou arte sem esses grandes mitos. Eles, de algum modo, elevaram e destacaram a condição suprema da filosofia Nem freud nem sai de cima. Manejaram com habilidades os componentes estraga-prazeres, anedônicos, anorgasmáticos  da relações humanas fazendo emergir o tédio e consequentemente o pensamento filosófico, artístico e científico.  
Penelope e os Pretendentes

Ulisses e a Ninfa Calipso,


e Casablanca;
 três momentos da filosofia Nem Freud nem saide cima

Espero que com esse pequeno comentário os organizadores da troça ponham essa comenda na pauta do evento.
Eolino Pedrosa

sexta-feira, 18 de março de 2011

CARNAVAL E PSICANÁLISE


O blog do Nem Freud nem sai de cima, ou simplesmente Nem Freud (como já vem sendo chamado) anuncia aos visitantes que, após a passagem do carnaval, terá postagens quinzenais, e tratará dos temas já aqui destacados: psicanálise, cultura e carnaval que serão desenvolvidos por seus articulistas-foliões. 

Aproveitando o momento acabamos de receber mais uma colaboradora: a Sra. Nadir Rego, psicoterapeuta, psicanalista, doutora em filosofia, pela universidade de... (pediu para omitir o nome da instituição) sob o tema de “Momo, eu quero mamar; a infantilização e a erótica do carnaval” (tese ainda inédita). A Dra Nadir nos concedeu uma breve entrevista:

NF: como é para a senhora participar de um blog de uma troça carnavalesca:

 Nadir Rego: Ao aceitar o convite de participar desse Blog me perguntei várias vezes o que fez um grupo tão efusivo, como vocês, ter-me como um dos seus articulistas. Seria o fato de ter ido fundo (falo do fundo psicológico), como pesquisadora, no folguedo e na volúpia? Ou ainda, por ter trazido as contribuições da psicanálise entre a devassidão e a candura – algo como: nem uma coisa nem outra; que vai do que foi ao que será, que habita o prazer e o desprazer, enfim,  do “Nem Freud nem sai de cima” em si. Há várias reflexões. Escrevi algo em uma revista sobre um fenômeno que denominei de síndrome de mettre en doute-Rego.

NF: Interessante! Sugestivo!

Nadir Rego: na realidade quer dizer síndrome de pôr em dúvida como nos afirma o nome do Bloco. Quanto ao Rego, é meu. Quer dizer, meu sobrenome.

NF: percebemos que não poderíamos escolher melhor articulista. Achamos que a senhora tem toda propriedade para teorizar o nosso bloco.

Nadir Rego: Nem tanto. Há algumas diferenças. Sou, por exemplo, uma terapeuta infantil.

NF: não concordamos. Achamos a senhora uma pessoa bem madura.

Nadir Rego: perdão, quis dizer que trato de crianças. E o bloco é composto por adultos.

NF: mas isso para nós é muito importante e fundamental. Se tomarmos como exemplo a frase do escritor Marcos Creder no conto intitulado Dois Mil e Onze, “o carnaval é uma festa de crianças encenada por adultos” pode-se entender os motivos do convite.

Nadir Rego: Tem razão, faz uma articulação com minha tese. Penso que o odor de urina que incensa o centro do Recife infantiliza ainda mais o carnaval... A urina captura o infantil que se enlaça... Tenho um capítulo sobre isso, sobre a escatologia do carnaval.

NF: por falar nisso, quando teremos a honra de ter sua tese publicada.

Nadir Rego: ando fazendo ainda alguns pequenos acertos, mas posso, contudo, ir mostrando alguns trechos durante o decorrer dos pequenos artigos desse blog.

terça-feira, 15 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

A irreverência está no Frevo e no Maracatu

Perguntaram-nos por que uma troça de nome tão peculiar ainda teria que manter o compromisso com o frevo ou com as canções e ritmos do carnaval pernambucano. O carnaval é uma festa de transgressões lúdicas. O ritmo e a melodia sincopadas do frevo, assim como os toques de maracatus, tem uma dimensão de transgressão e de anarquia inimagináveis, do ponto de vista estético e musical. Essas transgressões, aparentemente invisíveis para quem já nasceu no ambiente do carnaval da atualidade, é evidente  se tomarmos como referência o transcorrer do século XX. Veja, leitor, as imagens:

a banda marcial .
novos elementos na dança.



o frevo na atualidade


segunda-feira, 7 de março de 2011

Galo em Recife faz o melhor carnaval de Olinda

Sábado de Carnaval em Olinda trouxe de volta os seus melhores momentos - momentos que só se via no passado -  e o folião agradece ao superlativo bloco ( "o maior do mundo") Galo da Madrugada. Sem o Galo não haveria, no sítio histórico, a grande quantidade de fantasias interessantes, tampouco uma banda tocando de maneira afinada e transitando com algum conforto (conforto demais não faz parte do carnaval) nem os desfiles possíveis de seus incontáveis blocos. No passado o grande "patrocinador"  do folião olindense era, antes de ser proibido, o carnaval da avenida Boa Viagem - a vantagem do passado era que se tinha, simultaneamente, quatro dias num lugar e no outro, hoje  se dispõe apenas do sábado e por isso há quem venha solicitando o desfile diário do Galo.